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sábado, janeiro 30, 2010

A HISTÓRIA DE MINHA TERRA

Busquei nas páginas
Amarelas
Os homens dourados
Pela história
No brilho de outrora
Quimera

Busquei nas imagens gravadas do tempo
Dos homens os olhos desbravadores
E altaneiros
Os senhores da história a ser contada

Busquei nos sons
Melodiosos
Das lendas cantadas
Em quadrinhas
Entoadas sob o som dos pianos
Às senhorinhas
Como quem guarda nas palavras
Ultimo apelo de amor buscado
Nas honras de cavalaria
Nas medalhas de luta sangrenta
Nas feridas da guerra travada

Mas vi homens e olhos desbotados
Nos semblantes imprecisos
Que de heróis não precisos
Uniformes trajavam

Olhos nebulados pelo tempo
Nuviosos pela pretensão
Ou pela imprecisão dos fatos
Ainda não narrados

Busquei no cantar e no falar
A verdade da existência
O motivo de uma luta
Da luta pela existência
O resultado positivo da vitória
E o da derrota negativa

E por algum motivo que não sei
Nem soube procurar
Nos Lagos vazios encontrei
Fatos afogados
E verdades esquecidas

Quem me dirá agora?
Sobre as tropas do Gumercindo
Maragatos
E pica-paus?
Luta dividida
Espalhada
Atraiçoada
E ao mesmo tempo
Desfila sob o lenço vermelho, altaneira
Sob o lenço vermelho e a faca de degola
Supria as tropas de vitória
Diminuindo dos homens a derrota
E a glória

Sangue sobre as terras do sul
Terras divididas
Traidores e desbravadores

Onde está a verdade enterrada?
No peito dalgum maragato degolado
Ou dalgum pica-pau depenado
Paranás e Catarinas?

Histórias que se alinham
Na rinha de bravia luta
Entre Republica e Monarquia
Ordem ou Revelia

Cidades se levantam
Levantam-se como deusas mudas
adormecidas e enlutadas
Sobre a areia de um deserto diferente
Da poeira pelo tropel das manadas
Entre rio e sorocaba

Choram seus homens e filhos
Batendo em demandada
De invernada em invernada

Histórias que se fundem
Para se erguer num lume
Sob os trilhos férreos
Do sangue derramado
De Ordem Progresso e Paz

Sonho internacional da riqueza?

Como se nomeia
Aquele que busca da terra a sua essência concretizada
Sob a bandeira do Progresso?

Peregrinos do ouro?
Midas esfomeado
Do sangue que não possui?

Que espalha pelo mundo
O sistema fechado
De lucros sob mortes encomendadas
Montadas em cavalos reluzentes
Em ouros e correntes
Com a faca empunhada?

Oh! Como chamaria o lampião sulino
Que de farda e sem pijama
Desbravava as gentes das terras?

Como encontrar nas palavras
Imagens Sons e olhos
De homens que não existiram
Nos relatórios da história
Por que lutaram e morreram
Tombados e tomados de sua terra?

Os mortos se levantarão?
E farão protesto nas praças?
Assim como em outro rincão
Colocando seus algozes em confusão?

Ou o vazio do lago na história
Continuará obscuro
Como o silêncio das palavras
Numa terra que não tem orgulho
Do passado e da quimera?

Encontrei páginas palavras e olhos
Numa riqueza que não é nossa
Numa fome não de alimentos
Numa miséria que é da alma
E no peso que não é dos braços.

Aqui há uma terra
Surgida no silêncio de uma luta
Numa vitória que não foi cantada
Nas violas dos violeiros
Nem nas quadrinhas dos trovadores

Aqui há uma terra
Fundada na poeira da estrada
Sob as patas de tropas
Sob o sangue de generais
Sem patentes
Sem história

1823?
Sob o símbolo de uma pomba a voar
Sob o peso das lendas indígenas
Desenha-se o mapa da divisão

Doa se terras ao príncipe
Terras do além mar
Como presente de casamento
Por uma princesa que não sabe amar

Presenteia-se terras
Terras do além mar
Para que se possa civilizar!
Os pobres em
Gentes nobres
As cabanas em castelos reluzentes

Troquem as mãos calejadas
Pelos maquinarias importadas
Para que o Progresso se faça
Que a Ordem não altera o produto

Joguem-se os trilhos de ferro
Na alma do povo que não entende
Que este exército é diferente
Não luta com bravia gente
Na Paz apenas faz covas.