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segunda-feira, setembro 10, 2007

JESUS: O Homem que transcendeu o tempo e a carne

O ateísmo compara a religiosidade humana a um mal que deveria ser extirpado da sociedade, segundo eles o homem despreza sua capacidade de raciocinar para se entregar à divindades espirituais.
E, embora religião tenha sido sinônimo de segregação, de intolerância e instrumento de dominação dos fortes para os oprimidos, relação na qual a fé e a esperança dos enfraquecidos tornaram o arar fácil da sujeição, temos que discordar dos céticos ao admitir o nascimento da Doutrina Cristã como benéfica e não maléfica.
Pois ela surgiu como um "basta" e sob a bandeira da libertação.
Para entendermos a dispersão desse valor primeiro, um estudo político social apurado, no qual os fins justificariam os meios, se faz necessário.
Melhor explicando: fins lucrativos obtidos por grupos através da manipulação: trabalho/lucro, no qual ambos teriam direção contrária.
E essa discussão nos levaria ao caminho da segregação "sociedade e trabalho", Assunto além de nossa reflexão, que, portanto, não será profundamente analisada.
Voltando pouco antes do século I quando ocorreu a primeira reforma religiosa a qual se revela de extrema importância para o mundo de hoje, embora não seja definida como reforma, esta nova ordem manifestada por ensinamentos foi sutilmente transformada em cristianismo e usada pelos romanos como isca para atrair seguidores de Odim e adoradores da natureza e então, assim, tornar Roma governável.
Mais tarde apresentava a forma compacta e fortificada para se instaurar a inquisição, ou melhor o repúdio violento aos contrários. E desde então a cada nova necessidade esta "modelagem" vai adaptando-se, visando sempre o favorecimento de alguns.
No entanto, no momento em que surgira, não apresentava características de elemento dominativo, pelo contrário, nascera no seio da pobreza, alimentada pela humildade, chamada de seita levantava um povo enfraquecido, abandonado e humilhado pela prepotência de religiosos fanáticos que compunham o que hoje chamamos de oriente médio e onde estão os adeptos Muçulmanos, Xiítas, Sunitas, Resbolar, Al-quaeda, enfim, palavras que nos remetem aos piores acontecimentos dos últimos tempos, gentes que perderam o limite entre razão e adoração.
Os antecessores destes povos, eram senhores donos da verdade que, comunados com o poder real (de Roma) formavam o bloco dominador da época.
Homens confiantes na suposta escolha feita por Deus, que os teria elegidos sábios e merecedores da eterna providência divina.
Usaram deste argumento para subjugar os fracos e ignorantes, enfim, o restante do povo.
Isso mesmo, estufavam seus peitorais por saberem ler e interpretar manuscritos no qual estava inserida sortilégios e punições àqueles que não seguissem a "Lei".
Mas na verdade o que diziam era "lei", já não importava o que realmente estava escrito.
Suas vozes soavam como a voz do verdadeiro Deus, era a minoria em detrimento da maioria.
Embora a dicotomia: dominadores e dominado; maioria e minoria sejam termos desgastados, são termos que se ajustam perfeitamente para determinar quem é quem nessa reforma que, mais de uma vez expôs , não simplesmente duas religiões, mas dois grupos de pessoas ou dois conjuntos de interesses.
Grupos que, independentemente do espaço temporal, social ou econômico em que estejam inseridos continuam a se confrontar e a determinar verdades absolutas e a derrubá-las.
A pergunta correta seria:
Em que diferencia-se aquele povo interessado em estabelecer a vontade de Roma e seus precessores que se utilizaram do cristianismo para transformá-lo em "arma armada" contra a fé e a esperança dos oprimidos?
A resposta correta é: Nenhuma.
Não importa se estão sob a denominação de uma religião, de algum poder político ou facção criminosa, são ramos da mesma árvore.
Árvore do egoismo, da ignomínia e da abjeção.
Adjetivos pejorativos que, quando embrenhados na entranha do homem torna-os demoníacos.
Não queremos, é claro eletizar apenas o diabo como responsável, isso porque excluiríamos a responsabilidade humana de seus próprios atos e anularíamos a possibilidade do livre arbítrio culpando apenas um ente das trevas por toda miséria humana.
Quando usamos o adjetivo demoníaco queremos dizer tambem: insano, irracional. São pessoas destituidas de valor comum, de bem comum. Destroem, poluem, devastam e mentem quando afirmam agir pelo progresso e pela ciência. Tudo o que fazem tem um objetivo único e claro, o poder e a lucratividade. Não percebem que seus atos estabelecem o fim eminente do espaço onde vivem.
Há lógica nisso?
Não.Não há lógica na insanidade.
Nem a grande seca que se seguiu da grande fome de 1314 a 1319 a qual levou pessoas a comerem seus filhos e seus mortos. Nem a peste que se seguiu depois, nem as grandes guerras. Nem o poder paralelo e a violência instaurada pelos traficantes, nada serve ou serviu de freio à avidez humana.
É sempre o mesmo discurso em prol do ganho fácil, da politicagem e do poder. Como se o tempo deles na terra fosse diferente dos demais, por isso a comparação deles com o demônio descrito na Bíblia, que tem pouco tempo para desecaminhar o maior número possível de crentes em Deus.
Ao contrário deste grupo, Jesus fazia parte do outro: dos oprimidos, dos ignorantes.
A diferença entre este povo humilde e Jesus concentrava-se no conhecimento.
Ele conhecia a lei, conhecia a vontade de Deus.
E com este conhecimento abriu os olhos daqueles que estavam sendo enganados.
Discursando em público, ensinava sobre o caminho da verdade tornando a lei, antes tão dura, mais amena. Deus podia ser quase tocado e as promessas cumpridas. Valores morais e riquezas materiais tornaram-se opostos.
Jesus não impôs voto de pobreza, como foi exigido tempo depois, ele disse apenas que precisamos do suficiente para viver em paz e harmonia conosco, com nossos irmãos e com Deus.
Com estas palavras ele estava tentando nos livrar de nós mesmos e da nossa ânsia em conquistar sempre mais do que precisamos.
Nada se comparava a esta nova Lei, todo o terrorismo imposto foi desmascarado. Aqueles que usavam da fé como instrumento para vender seus animais de sacrifício no templo foram expulsos.
Todos olhavam com estupefatos: Um homem promovendo tamanha transformação.
Jesus resumiu as leis em duas, e essas eram o cerne da nova religião, o amor a Deus e o amor ao próximo. Essas duas leis continham força suficiente para que o homem exercesse as demais virtudes.
Leis contrárias à exploração humana, ao capitalismo e as formas de trabalho que ele estabelece: 10 pra voce e mil pra mim.
Não que sejamos contra o trabalho ou contra o capitalismo, entretanto esses sistemas tambem foram transfigurados.
Hoje são monstros que tem fome de homens.
Enquanto na outra ponta estão homens que se perdem na ânsia de buscar uma riqueza que nunca terão, pois ela já tem senhor e este senhor não é divinal nem espiritual, mas o próprio homem que esqueceu sua forma humana em algum canto de seu corpo embrutecido pela ganância.
Jesus e a doutrina Cristã pregam a libertação de todo e qualquer jugo instituído pelo egoísmo.
A sua palavra envolve ensinamentos para que o homem seja dominado sim, mas por ideais de fraternidade, igualdade e liberdade.
Isso lembra uma bandeira que foi levantada na França, muitos séculos depois de Cristo, não é mesmo?
A devoção ao Deus Cristão produz no homem o limite necessário entre o racional e irracional, enquanto que a humildade irmanada na força de agradar a Deus nos torna socialmente manifestos.
Então, como afirmar que a religião é o mal que domina a humanidade?
E que Jesus é a semente deste mal?
Quem faz estas afirmações não conhece Jesus, não conhece a história do homem, pior ainda, acredita no homem como ser supremo. E isso é inadmissível para aqueles que tem sensibilidade de olhar a volta e perceber as peripécias de que o homem é capaz.
Jesus foi acontemporâneo, um verdadeiro revolucionário sem armas, usou a única que dispunha, sua fé em Deus, e através de um exelente discurso plantou no mais profundo do ser humano o ideal de liberdade, de amor e de esperança.
Com sua revolução deixou visível a existência do outro grupo de pessoas, daqueles que acreditam em algo maior que as riquezas, maior que as fraquezas e muito mais belo que o próprio homem.
Jesus foi morto pelo grupo que se sentiu ameaçado.
E ainda hoje algumas igrejas culpam pela morte de Cristo, o pobre coitado que entra buscando consolo e um pouco de esperança.
Quais forças são responsáveis pela passividade humana?
A fé em Deus ou a submissão do homem ao homem?
Temos que separar o "trigo do joio" e descobrir por nós mesmos como ter fé sem nos deixar dominar por forças que teimam em contracenar com a verdade, mas que são mentiras instituídas para desmoralizar o que ainda existe de bom na essência humana: a fé, a esperança e o amor.

(por Regina Chaves)

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