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quinta-feira, novembro 12, 2009

Poetizando mesmo assim

Amanhã
Quem sabe

No domingo
Com certeza

Mais provável
Nas férias

Porque o hoje está perdido

O futuro da incerteza
Na busca da felicidade

Vivem
E passam
Como se morressem
A cada dia

Falam
Como se conhecessem o amanhã

Nada sabem
Nada entendem
Senão, que o hoje está perdido
Seu hoje de escravidão sem cor.

Quisera gritar-lhes
Hoje existe!
Único que persiste
Amanhã é irreal

Não ouvem, continuam
Na ânsia louca de buscá-lo
Para curar-lhes a alma ferida
Cansada, Iludida
Pelo prazer que nunca chega.

Gente feia
Gente gasta

Conversam
Como se falassem a si mesmo
E nem isso ouvem

Apinhados
Apertados
Não cabem no espaço reservado
Mas cabem na vastidão do mundo

Mundo vasto mundo
Ela não se chama Raimunda
Mas não é feia que não possa casar

Casou-se
Agora tem marido e filhos para sustentar
Ele mutilado por uma fera enlatada
Que com garras dentadas
Arrancou-lhe o amanhã

Arrasta carregando o corpo
Como um molusco em sua casca
Sem cajado
Sem esperança

Olhos distantes Coração vazio
Máquinas os levam,
Máquinas os trazem
Pelas sombras da realidade

Subprodutos.

Não inauguram linhagens
Abelhas
Que produzem operárias

Liberdade, Igualdade!
Gritam,
Empunhando a bandeira desfraldada

Gasta
Suja
De uma luta sem vitória

Preferem as limpinhas
Carne fresca e rija
Olhos brilhantes

Inocência

Boa qualidade

Gastam beleza
Juventude
Alegria e sonhos

Combustível
De uma máquina fria
Que espalha
Fiapos, farrapos e trapos
Pelo caminho

Agora é 18:05
Só posso sair 18:45
Meu tempo não é dinheiro
É desperdício

Meus braços
Os braços chegarão a tempo

Tudo vale a pena
Se alma é pequena.

Chame o dono do mundo!

Precisando de dinheiro?
Precisando de dinheiro?
Precisando de dinheiro?

Um chamado urgente
Eco surdo
Por olhos distantes

Alguém realmente precisa de dinheiro.

Roupas móveis
Gentes coisas
Moto táxi
Táxi táxi
Fone cell
Donald Mac
Táxi móveis
Moto carros
Coisas gentes
Ecos surdos
Sons agudos
Homens mudos.

Queria fazer um soneto
Quarteto, quinteto
Terceto, dueto
Sem teto para esconder
Sem paredes para dividir
O mundo do mundo em mundo
Imundo amanhecer
Um hoje que chora um silêncio
Que alguém pode ouvir

Braços que choram coisas
Derramam coisas
Produzem coisas
Sem nada possuir

Braços que se gastam se agastam
Na gastura de não pertencer
A corpo algum

Se alegrar na vida que não vive?
Ou viver na vida sem prazer?

Duas bandeiras empenhadas
Nestas almas não mais envergonhadas
Sem fronha, sem bronha,
Sem nada.

Feias
Gordas
Tortas

Uma vez belas

Hoje

Sonhos esquecidos
Amadurecidos
Apodrecidos
Na espera do amanhã
Que não vem

Hoje
Hoje
Hoje
Porque a vida é feita de tantos hojes?

Tudo vale a pena
Se a alma é pequena

─ 10 reau a carteirinha
─ 10 reau o exame
─ 15 o acompanhante

O prazer
Custa caro
Elas precisam só dos braços.

Chamem o dono do mundo!

Diga-lhe que cale essa louca
Que não tem licença para poetizar
Tristezas e amarguras não poucas.

Dêem aos homens nobres
Da mais alta envergadura
Para que em palácios brilhantes
Compor belezas etéreas e puras

Chamem o dono do mundo!

Para calar a loucura
Que no coração se agita
Quando na caixa de lata
Enxerga o hoje da vida dura

Chamem o dono mundo, agora
Pois com certeza,
Foi ele
Quem abriu a boceta de Pandora

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