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quarta-feira, novembro 04, 2009

O Homem sem cor

O HOMEM SEM COR[1]
Regina CHAVES[2]


RESUMO
: Avaliar o homem como representante de sua esfera social e étnica inserido na tênue linha entre a literatura e realidade, buscando entre elas, o caminho percorrido pelo narrador e pelo personagem que tenta explicar tal posicionamento, enquanto observador da guerra que se trava entre os universos do preconceito no dicotômico mundo ficcional e real, e que, em ambos, o preconceito é elemento de negação e afirmação deste homem. Trabalho que só é possível sob o estudo sociológico de Durkheim. E este é nosso objetivo a visualizar na obra de Moacyr Scliar.

PALAVRAS-CHAVE: O Centauro no Jardim; Moacyr Scliar; Preconceito; Literatura Contemporânea.

Ler e analisar uma obra requer um pouco mais que simplesmente a busca pelo prazer. Ler e analisar O Centauro no Jardim nos faz andarilhos, quando o assunto é viajar por entre as sombras da realidade brasileira, na tentativa de unir elos que representa uma nação multifacetada.
Este não é o principal foco da narrativa, mas é nos pormenores que nos debruçamos para exprimir o que há de tão significativo, quando o autor escolhe um animal da mitologia para descrever o homem. Certamente é a essência, mais que o homem, que o torna um símbolo mítico.
O centauro no jardim de Moacyr Scliar está dividido em 12 capítulos. Como as 12 tribos de Israel, os 12 filhos de Jacó, os 12 meses do ano, ou, simplesmente, como um diário de bordo, no qual traz os relatos das viagens e mudanças vividas pelo personagem Guedali[4]. O 1º e o 12º retrata o mesmo tempo e lugar 21/09/1973, perfazendo uma viagem cuja memória resgata do passado, a história de uma vida marcada por viagens estranhas, que dão ao leitor o suporte de ficção, viajando pelo mundo irreal das criaturas mitológicas e dos monstros alados, até que, no final da viagem, a companhia da não ficção e das dicotomias humanas no seu mundo real.
Guedali está comemorando seu 38º aniversário no restaurante tunisiano Jardim das Delicias, junto da esposa Titã, uma moça loura e seus dois filhos que correm pelo salão. Este é o tempo externo do romance, um jantar. Já o tempo psicológico, 38 anos, desde o nascimento de um homem cujos conflitos são lembrados à mesa do jantar enquanto sua esposa relata, à uma jovem ruiva, a história de suas vidas.
Os personagens principais são Guedali e seus pais Leão e Rosa, seu irmão Bernardo; suas duas irmãs Débora e Mina. Zéca Fagundes e Dona Cotinha; Sua esposa Marcita; Seus amigos: Paulo e Fernanda; Júlio e Bela; Armando e Beatriz; Joel e Tânia; O médico Oliveira que faz a circuncisão; O médico de Marrocos; a parteira; Ricardo, o centauro, amante de Tita; Pedro Bento, o rapaz que montava cavalo nele quando crianças. Esses têm algum mérito como personagem, já que a atuação deles interfere na vida e crescimento do jovem Guedali, enquanto outros são apenas personagens figurativos.
A narrativa conta a história de um menino judeu, que nasce metade homem, metade cavalo. Eis o sugestivo título do romance.
A mãe entra em depressão e demora a aceitar o filho depois do seu nascimento. O pai faz conjecturas sobre o nascimento. Seria castigo de Deus? Passa pela cabeça do agricultor a possibilidade de a mulher ter tido relações com os cavalos, mas descarta a idéia, já que Rosa era uma esposa exemplar. Um médico é chamado, mas nada pode fazer. Então é pedido segredo e o centauro é escondido, para que nem os vizinhos, e nem os membros da comunidade judaica tomem conhecimento de sua existência.
Ele cresce, torna-se um adolescente, e preocupa seu pai, porque além de centauro, ele também possui um pênis extraordinariamente grande. Mulher nenhuma se casaria com ele, nem mesmo uma prostituta o aceitaria, no entanto chegaria o tempo em que ele desejaria estar com uma fêmea, e isso assustava o Senhor Leão Tartakovsky.
Ao mesmo tempo em que seu pênis é uma anomalia, é também motivo de orgulho do jovem centauro. Ele faz reflexões de como as pessoas, que tiveram contato com ele (homens) poderiam se sentir invejosos, sabendo que ele possuía tal "vantagem".
A preocupação do pai tem seu motivo e seu desfecho, ele acaba se satisfazendo com uma égua branca da fazenda vizinha, chamada mimosa. A égua se apaixona por ele, e foge sempre da fazenda para segui-lo.
A vida na fazenda transcorre tranquilamente, até que um rapaz das redondezas descobre que o Senhor Leão tem um animal diferente. O rapaz se esforça para ser amigo do centauro, e um dia o laça como a um cavalo, e o leva para que outros rapazes o conheçam, o centauro foge e conta aos seus pais, o ocorrido, e a família tem que mudar de Quatro irmãos para Teresópolis, próximo a Erechim RS.
Sem poder ir à escola, aprende a ler e escrever com a irmã; faz cursos por correspondência; compra e Lê muitos livros, os melhores: A bíblia, Marx, Freud, Scholem, Monteiro Lobato, Talmud. Aprende sobre a diáspora, Inquisição, pogrons, etc... É na mitologia que encontra a palavra centauro de Ixion e Nefele das montanhas da Tessália e da Arcádia, dos raptos e da figura grotesca e malvada que em nada se parecia com ele.
Num determinado momento de sua vida o centauro se angustia por não ter amigos, tenta fazer amizade com o índio Peri, mas este foge. O centauro se apaixona por uma mulher que vê somente pelo binóculo, manda-lhe recado pelo pombo-correio, mas esse também foge.
Então Guedali, obcecado por encontrar alguém que o entenda, foge da família, vai viver num circo. Lá, tem sua primeira tentativa frustrada de se relacionar sexualmente com uma mulher, a domadora. Ela faz uma gritaria, chamando-o de cavalo, e ele novamente foge, galopando pelos pampas até parar num galpão de uma fazenda, está escondido quando vê uma centaura nua ser perseguida por um fazendeiro, que a laça e lhe aponta uma arma. Guedali avança sobre o fazendeiro que se assusta e morre do coração. Os dois se envolvem, voltam pra fazenda e são recebidos pela viúva do fazendeiro como filhos.
Nesta fazenda, as histórias têm um tom de grotesco, associado à vida de homens animalizados pelo contato rústico do campo e da pouca informação. O fazendeiro acredita que os peões da fazenda fazem sexo com as ovelhas, o velho é um tarado e mantém mulheres para satisfação pessoal, inclusive uma jornalista que se ‘emprega’ na fazenda com o propósito de desmascará-lo, é usada como concubina e depois, quando descoberta, é largada nua pelo campo. A dona Cotinha, sua esposa, não se importa, e convive com as amantes do marido, sem reclamar.
Depois da morte do marido, dona Cotinha assume a fazenda e ajuda os dois centauros pagando a viagem para Marrocos, para fazer a cirurgia que os separaria da parte equina, tornando-os homem completo e mulher completa. Casam-se em Porto Alegre, corrompendo um rabino, já que Tita (Marcita) não é judia, e portanto, não teria o respaldo legal, sob a cultura judaica, de se casar com um judeu.
A viagem, a estadia e a cirurgia, acontecem, e é bem sucedida, apenas vão ter que usar calças compridas e botas para sempre, pois os pés ainda são de cavalos. Eles voltam para o Brasil, e recebem a notícia da morte de Dona Cotinha, e que seu filho toma conta da fazenda, agora. Antes de falecer a velha mulher deixa-lhes uma herança.
Não ficam na fazenda, vêm para São Paulo, compram apartamento e começam uma empresa de exportação, devido aos contatos feitos em Marrocos. Logo que se instalam, são assaltados e os bandidos levam todos os seus pertences, inclusive as botas que são feitas sob medida no Marrocos, são botas ortopédicas. Encomendam outros pares, se trancam no apartamento até que a encomenda chegue. A falta de cultura de Tita incomoda Guedali, ela é uma camponesa, tem vergonha de levá-la nos coquetéis e reuniões. Os amigos falam dos modos de Tita, Guedali arruma-lhe uma professora, e ela progride, mas sempre será uma “grossa do campo”. As patas de Guedali racham, e aparecem pés humanos. Os pelos das pernas vão sumindo, ficando apenas uma pequena mancha escura, como uma mancha de nascença, coberta com alguns pelos.
Mais tarde fazem outra viagem para Marrocos, a clinica está arruinada, cirurgias que não deram certo fizeram o governo fechá-la. Agora o médico vive de pequenas cirurgias clandestinas como o aborto, e o fato de tê-la transformado num tipo de clinica de repouso. O doutor conta-lhes da monografia que fez, mas não chegou a publicar, a respeito da cirurgia sobre o caso deles, cujo título era: Los Centauros Descripción y Tratamiento por la Cirurgía em dos Casos.
Fazem amizade com outros casais, também judeus, Guedali trai Tita com a mulher de Paulo, seu amigo que tem uma filha deficiente. Eles estão morando agora num condomínio fechado e tem dois filhos, gêmeos. Tita conhece outro centauro, que vai até a casa deles para obter informações sobre a cirurgia que fizeram. Ele é de Santa Catarina. Eles se apaixonam, Guedali os surpreende, o centauro foge e é morto pelo vigia do condomínio, que pensava ser um ladrão.
Guedali como autômato vai para o aeroporto e pega o vôo para Marrocos, quer fazer outra cirurgia, quer voltar a ser centauro. Agora o doutor terá que fazer um transplante de uma metade de cavalo no que restou de um centauro, para conseguir o resultado inverso. Chegando lá conhece uma mulher-leoa, uma esfinge mitológica, mas em carne osso e pelos. Lolah pede ao centauro que transe com ela, ele se enoja, mas o animal que ainda há nele aceita. Guedali aguarda a cirurgia. Lolah quer que ele vire homem-Leão, mas ele quer ser centauro. No dia da cirurgia, Lolah foge da gaiola e ataca o doutor, enquanto ele está se preparando para operar Guedali, ela não quer vê-lo operado. Estraçalha a parte do cavalo que iria ser transplantada em Guedali, e o auxiliar se vê obrigado a matar Lolah, seis tiros.
O médico é árabe, perde sua preciosa esfinge e desconta a raiva em Guedali. hama-o de judeu suCjo, diz que os judeus tiram tudo o que eles, os árabes, têm.
Retorna ao Brasil, mas não para São Paulo, vai para o Rio Grande, rever os pais que o aconselham a voltar para a esposa.
Depois disso, é Tita quem conta sua versão da mesma história, para uma moça loira que está junto deles no restaurante tunisiano. Não existem centauros e sim um tumor cerebral que faz Guedali distorcer toda realidade e se achar um centauro. Quando a encontra na fazenda, Tita está realmente fugindo do seu pai que bêbado, tenta agarrar a filha adotiva. Sua mãe, dona Cotinha, acolhe Guedali e o ajuda para que viaje e faça a cirurgia do tumor cerebral.
E tudo termina como se o Jardim das Delicias, fosse o jardim da volúpia no qual a liberdade é mais sexual, que social, pois Guedali agora pensa nas duas mulheres que estão na sua frente, sua esposa e a loira, que, repentinamente, cria laços de ligação com Guedali e a sua história.


ANÁLISE
No romance o autor não deixa passar a oportunidade de descrever a história judaica. Mesmo sendo centauro, ele fez todos os rituais da religião judaica, a circuncisão, o bar-mittzvah (SCLIAR, 1983, p. 60), comemorava os jejuns de Yom Kipur, a Páscoa, o Ano Novo Judaico. Narra a dispersão pelo mundo, como viveram nos kibuts, como fugiram dos pogrons e chegaram ao Brasil pelas mãos do Barão Hirsch (grande acionista da estrada de ferro). Dos cavalos negros dos cossacos, na Rússia. Descreve todas as localidades em que os judeus fixaram residência no RS. Cita o ganho da terra para limpar e produzir. A presença dos índios que aqui habitavam, e a tentativa de fazer amizade com um menino indígena, o qual ele chama de Peri, a troca de presentes, ele ganha uma flecha e dá seu pulôver em troca, mas nunca mais vê o amigo. Lembra 1948 e a proclamação do Estado de Israel. Lembra 1893, e a revolução liberalista e a lenda sobre um monstro, metade homem, metade animal, que entrava nas tendas, raptava os soldados, e degolava-os próximo ao rio, mas que não era o personagem desta história. Lembra da economia brasileira, da inflação como obstáculo para os que tinham que trabalhar com exportação, como ele e seus amigos (judeus de São Paulo). De Getúlio Vargas, Jango e Brizola. Do medo que os paulistas tinham dos candidatos a presidentes, que vinham do Sul. De 1962 das greves, comícios e o dólar disparando. Relembra a invasão dos mouros na península Ibérica. O Muro das Lamentações. A Fortaleza de Massada, último reduto da resistência judaica contra os romanos. Do preconceito tanto judeu contra os gói[5], quanto dos brasileiros contra os judeus, dos paulistas contra nordestinos, dos judeus contra os árabes e vice versa. Vê o índio como uma figura grotesca, igual a ele, que sofre a mesma discriminação. Descobre que todos os seus amigos também são ou foram monstros, um tinha rabo, outro escamas, outros têm pelos, enfim, todos têm anomalias. Cita os casamentos entre consangüíneos judeus, de onde saem filhos defeituosos.
E é nessa miscelânea de preconceitos que o narrador costura a história, na qual o homem é prisioneiro de seus próprios fantasmas.
Já no título o autor escolhe um aspecto dual entre a figura mitológica do centauro e o Jardim das Delícias. Enquanto o centauro é o símbolo dos conflitos humanos que limita o homem entre razão e instinto, o Jardim das Delicias simboliza a libertação, ou pelo menos a cura momentânea para tais conflitos. Vejamos de onde surgiu o Jardim das Delícias:
Jardim das Delicias Livro escrito pelo sheik Nefzaui, na Tunísia, por volta dos anos 1349 e 1433, revela a arte de amar à moda árabe. Através de histórias, receitas e conselhos, o livro revela um pouco do que se passava nas tendas, casas e palácios das mil e uma noites. (LERRER, ver referência no link terra planeta na web)

Ele, judeu, Casa-se com uma não-judia, fato que o deixa dividido, pois a mãe não aceita os costumes estranhos da nora. Se antes a anomalia era vista de fora pra dentro, agora ele via a mesma anomalia de dentro para fora.
“Minha mãe não se dava bem com Tita – ela dizia – Ela não é nossa gente – nunca vou me acostumar com ela.” (SCLIAR, 1983, p. 114/115)

Num certo momento ele não quer estar dividido e faz a cirurgia, quer dizer, escolhe um dos lados, e deixa de ser centauro para ser homem completo “ser homem normal”. Porém quando é traído, tem desejos de voltar a ser judeu, de ser a figura mítica que cavalga os pampas gaúchos, mas essa cirurgia se torna impossível.
Toda narrativa condiz com o duo sofrimento do centauro que tenta se inserir numa sociedade em que as diversas culturas se fundiam. Prova cabível disso são as citações de duas lendas gaúchas. A Lenda do Negrinho do Pastoreio (SCLIAR, 1983, p.) que trouxe um elemento novo à nação escravocrata. O menino que, sofrendo todas as atrocidades, é ajudado por seres fantásticos, a se livrar de um Senhor malvado. Sociedade perversa, mas que já se conscientiza e se vê com anomalias. A Lenda da Salamanca do Jarau,(idem) no qual já se apresenta elementos da cultura mouro(árabe), se ajustando na Nova Terra, vejamos um trecho da lenda:
O encantamento foi quebrado com uma grande explosão. Das furnas saíram os dois condenados, transformados em um belo par de jovens. Casaram-se e trouxeram descendência indígeno-ibérica aos povoados do Rio Grande do Sul. (Ver link com a Lenda da Salanca do Jarau)

Assim como o narrador se preocupou com o negro e o índio ou bugre, também trouxe a baila outros elementos para discussão, por exemplo, o preconceito contra judeus: “O judeuzinho.” (SCLIAR, 1983, p. 36)“ Os judeus mataram Cristo, os judeus são gananciosos.” (SCLIAR, 1983, p.92) ou ainda entre judeus e árabes: “Chama-o de judeu sujo, diz que os judeus tiram tudo o que eles, os árabes, têm.” (”SCLIAR, 1983, p) E com esses elementos, toda carga aflitiva que é depositada num ombro humano, o preconceito.
Ele se torna uma anomalia, quer dizer, de normal, passa a ser patológico. Anomalia segundo Durkheim pode “tanto ocorrer no organismo humano, quanto no organismo social” (SILVA, 2006, p111)
Para Durkheim mesmo o crime é um sintoma normal, desde que controlável, pois o crime é inevitável numa sociedade em que se tenta aplainar diferenças. O que se deve cuidar é o estado da normalidade, que não pode fugir do controle:
Não aplicar regras para distinguir o normal do anormal seria incorrer em graves erros (...) O ato que ofende a consciência coletiva chama para si uma repressão penal, o crime sempre existiu e sempre existirá, porque é impossível à consciência coletiva se imponha universal e uniformemente em todas as consciências individuais. (...) O crime é, pois, necessário porque ele se liga ás condições fundamentais de toda vida social e, por isso mesmo, tem sua utilidade. (SILVA, 2006 p. 114/115)

Se o preconceito existe, e existiu, também, o modo de repreensão passou a vigorar através da necessidade de que o crime de preconceito fosse freado. O fato das lendas gaúchas terem sido apresentadas como uma vaga lembrança infantil, toma agora outro valor. O valor da consciência coletiva.
Se para o judeu o árabe representava um estorvo, para o árabe o judeu tinha a mesma conotação. Se para o índio, o colonizador era o monstro que chegou como um centauro, meio homem, meio animal, para o imigrante, o índio, também representava um ser diferente. Portanto o crime do preconceito existia de todos os lados, como um defeito congênito. Era uma anomalia que foi sendo corrigida ao longo de muitos séculos, mas ainda não dada alta aos pacientes.

CONCLUSÂO
Moacyr Scliar toma emprestada a figura mítica do centauro para descrever os aleijões promovidos pelo preconceito. A narrativa, embora traga representantes de várias etnias, descreve todos com algum tipo de anomalia perante a sociedade. Mesmo o homem tímido ou a mulher do campo, não escapam aos olhos atentos do autor, quando inseridos numa cultura ou região diferente, é obrigado a viver e conviver.
Para o autor, o personagem fez as tentativas de voltar a ser um, quando era outro, evidenciando aqui a possibilidade das máscaras sociais que cada ser humano é obrigado a usar para parecer igual, mas que na realidade jamais será. Um índio será sempre um índio, assim como um judeu será sempre um judeu, haja vista a determinação nesses homens de manterem suas culturas, embora hoje já meio desbotadas, quase sem cor.
O preconceito atinge todas as nações, as regiões de um país, as classes sociais, até atingir a menor célula, que é a própria família, os amigos os vizinhos. Sempre numa escala do mínimo para o máximo e não o contrário.
A anomalia social não obteve do médico Scliar a cura, nem a alta. No entanto ele teve o cuidado de apontar o caminho do prazer, da satisfação pessoal, como abrigo no qual o homem pode viver sem medos e nem limites.
O jardim das delícias, promove, pra o homem livre das convenções religiosas, a liberdade de busca do prazer, que segundo Freud é o elemento que não se importa com os limites fronteiriços, pois é a satisfação do homem individual.


REFERÊNCIAS

LERRER, Débora F. O Jardim das Delícias, O Livro Muçulmano dos Prazeres
http://www.terra.com.br/planetanaweb/transcedendo/corpo/o_jardim_das_delicias.htm Acesso em 03/11/2009
VOLPATO, Rosane.Lendas do Sul - Salamanca do Jarau
http://www.rosanevolpatto.trd.br/lendasalamandradojarau.html
Acesso em 03/11/2009

SCLIAR, Moacyr. O Centauro no Jardim. 2ª ed. L&PM Editores LTDA, Rio Grande do Sul, 1983.
SILVA, José Otacílio da. Elementos da Sociologia Geral. Marx Durkheim, Weber, Bourdieu. 2ªed. EDUNIOESTE, Cascavel, 2006.

[1] Artigo proposto na disciplina de Literatura Brasileira
[2] Acadêmica do 3º ano do curso de Letras/Inglês da UNIOESTE/2009
[4] Guedali é um nome que faz referência á Guedalia, um judeu justo, que foi assassinado, pelos próprios judeus, por tentar preservar-se junto aos babilônicos, quando da invasão à Israel. Em honra a este judeu foi instituído o jejum de Guedalia.

[5] Gói, ou goim: Termo que designa as pessoas não judias, pelos judeus.

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