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segunda-feira, julho 16, 2007

A INSUSTENTÁVEL INSENSIBILIDADE DO NÃO SER

Quem pensas que sois?
A quem quer enganar?
Quando andas empertigado,
Com cujos olhos fixam o infinito?

Sois como frutos caídos,
Devorados por pragas e vermes.
Não vives,
Morres a cada dia,
Por misericórdia ou tormento.

Quem pensa que sois?
Que sois felizes?
Por ser consumido em vida,
Enquanto miras um infinito
Ao redor do teu umbigo?

A quem queres enganar?
Quando compras,
O que pensas precisar?
Não pensas,
Engana-se a cada dia,
Por misericórdia ou tormento.

Queres saber o que és?
Olhai
Para além de ti,
Escutai
Os murmúrios,
Ao curvarem-se ossos,
E o arrastar-se de carnes.

Olhai
A loucura dos lábios,
E o esbugalhar dos olhos,
Num esgar convulsivo de apego
Ao nada.

Sabes o que és?

És tu
Despido da orgulhosa armadura,
Despido do engodo
Que te fez pensar ser algo,
Ou ser um pouco qualquer coisa.

És tu,
Diante de ti mesmo,
Embrutecido
Ao descobrires tua inanidade.

Não duvides
Acredites a cada dia,
Por misericórdia ou tormento.

E assim,
Poderá transformar-se
Em algo próximo
De coisa
Destituída de matéria.


Por: Regina Chaves 14/06/2006

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